domingo, 7 de abril de 2013

Mensagem do Reitor-Mor aos jovens do MJS - Parte II



Olá pessoal!

Tal como prometido, cá vai a segunda parte da mensagem do Reitor-Mor aos jovens para este ano!

Muitos jovens, sabeis bem, não “moram no seu próprio coração”, vivem “distraídos”. São atraídos por mil coisas; percorrem mil carreiros e, sobretudo, são tiranizados e escravizados por mil senhorios. Moram “algures”, em toda a parte, mas não no coração, com a consequência de não tornar possível o encontro com Deus que, ao invés, se realiza mesmo neste lugar tão precioso, tão pessoal e tão secreto: o coração. No coração de cada pessoa, com efeito, há uma ferida, uma grande dor que precisa de ser escutada, compreendida e curada. Por isso Jesus tem necessidade também hoje de discípulos capazes de escutar o coração das pessoas, especialmente dos jovens. Discípulos capazes de compreender nas suas alegrias e nos seus medos, uma vontade, nem sempre expressa, de se aproximar d’Ele e de se encontrar com Ele. Só o discípulo que tem uma relação profunda com o Senhor Jesus pode distinguir, entre aqueles que O buscam, quem verdadeiramente deseja compartilhar a sua experiência de Deus. 

O discípulo que segue Jesus é chamado a facilitar o encontro com Ele a quantos O querem ver, conhecer e amar. Esta é uma missão delicada e maravilhosa e, se vós o não fizerdes, queridos Jovens, quem apresentará a Jesus os sonhos e as necessidades dos vossos companheiros, dos vossos amigos? Quem os levará a ver Jesus? Compete-vos indicar Jesus aos vossos amigos como a luz que ilumina de sentido a sua busca, como o caminho que conduz ao coração do Pai, como a verdade que aquece o coração para viver a vida com paixão. Vós sois o fogo de um novo Pentecostes, que queima e contagia tantos outros vossos amigos. Juntos, podeis lutar pela liberdade onde ela falta, pela paz onde está ameaçada, pela justiça onde ela é espezinhada, pela solidariedade onde é mais necessária. Vós podeis ser a consciência crítica da sociedade em que viveis. Levantai-vos, portanto, saí do cenáculo e ide, porque o mundo precisa de vós. 

Mas lembrai-vos sempre de que só Cristo é capaz de curar e de preencher as lacerações profundas e dolorosas do coração dos jovens. Portanto, para que este encontro se torne fecundo, deve aceitar-se fazer um caminho especial: é necessário passar da admiração ao conhecimento e do conhecimento à intimidade, da intimidade ao enamoramento, do enamoramento ao seguimento e à imitação. 

O encontro inicial transforma-se por fim em verdadeiro encontro, quando Jesus “se deixa ver” e a sua Palavra põe a nu o coração do homem, libertando-o de percepções de Deus mascaradas e falseadas, de uma visão incorrecta de si mesmo, dos outros e dos acontecimentos. É o que aconteceu aos dois discípulos de Emaús (Lc, 24, 13-35). Caminhavam, cheios de tristeza e desalento, porque tinham vivido com Jesus e a convivência tinha despertado neles as melhores esperanças. Ao invés, a sua morte na cruz tinha sepultado todas as suas esperanças e a sua fé. Ao longo do caminho, Jesus faz-se companheiro de viagem compartilhando tristeza e amarguras e, ao mesmo tempo, desvelando o sentido do que acontecera, relendo-lhes as Escrituras. Acerta o seu passo com uma paciente e sofrida busca, abrindo gradualmente os olhos da sua mente e do seu coração à compreensão do mistério, da história e do mundo. A sua busca é sincera, mas os seus olhos para contemplar o Ressuscitado apenas se abrem quando Ele repete o gesto que melhor O identifica: “partir o pão”. Tal descoberta é fruto da sua busca, mas teria sido impossível sem a explicação das Escrituras e sem a oferta de um sinal da parte de Jesus. Sobretudo é um dom: eles “reconheceram-n’O”, porque Jesus “se deu a conhecer”. Reconhecer Jesus no hóspede é o momento culminante do encontro, mas não é o último. Há um passo ulterior que manifesta a fecundidade do encontro pessoal com Jesus, o que nos leva da comunhão à missão, da experiência pessoal – “ardia-nos cá dentro o coração” – ao testemunho – “regressaram a Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos”. Os discípulos voltam ao lugar onde decorria habitual-mente a sua vida, mas com olhos novos e um coração novo.

Fiquem bem, com D. Bosco e M. Mazzarello!

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